MODELAGEM DE SISTEMAS NUTRICIONAIS PARA OTIMIZAR A BOVINOCULTURA NO ESTADO DE GOIÁS
Coordenador: Edgar Alain Collao Saenz
A produção animal é o resultado de um frágil balanço entre processos anabólicos e catabólicos envolvidos numa transformação dos pools metabólicos. Modelos matemáticos de simulação foram desenvolvidos na tentativa de descrever e entender melhor estes complexos processos fisiológicos. Alguns destes conjuntos de equações representam a dinâmica de nutrientes na produção de carne e leite e constituem um valioso instrumento no desenvolvimento e avaliação de estratégias de pesquisa em nutrição. Conforme o conhecimento qualitativo do metabolismo dos ruminantes foi aumentando, tornou-se possível desenvolver aproximações quantitativas que permitem estender a compreensão e integrar vários aspectos da pesquisa em nutrição animal. Existem vários tipos de modelos utilizados em sistemas de produção agropecuários. Os primeiros modelos foram constituídos de equações de regressão entre consumo de nutrientes e desempenho animal (ganho de peso, produção de leite, etc.). Posteriormente, modelos empíricos foram propostos com a intenção de predizer as exigências nutricionais para determinado desempenho animal com base no ganho médio diário e o peso vivo. Apesar de sua aplicação prática em condições de fazenda, esses modelos são limitados pelo pequeno conjunto de dados experimentais utilizados na sua construção. Assim mesmo, modelos empíricos consideram apenas um nível de agregação, portanto as necessidades para compreensão e predição das respostas do animal (quantidade e qualidade de produtos, eficiência, conforto, etc.) em relação às mudanças de dieta e outras variáveis, não podem ser satisfeitas por essas aproximações (Schmidely, 1996). Mais recentemente foram propostos modelos matemáticos dinâmicos baseados em reações bioquímicas, os quais não apenas resumem dados existentes, mas também mostram brechas no atual conhecimento e aonde devem ser dirigidos maiores esforços e pesquisas. Vários tipos de modelos para uso na pesquisa em ruminantes tem sido descritos. Tedeschi (2019) fornece uma descrição compreensível sobre a aplicação de modelos para suporte na tomada decisões na nutrição de ruminantes, caracterizando diferentes paradigmas e abordagens usadas e, descreve brevemente a evolução de diferentes linhas de pensamento na modelagem nutricional. A longo prazo o uso de modelos para predizer a utilização de alimentos teria quatro vantagens principais sobre os sistemas tradicionais de alimentação: a) melhor aproveitamento de dados detalhados de composição química dos alimentos; b) considerar a interação entre energia e proteína; c) predição dos constituintes do leite em fêmeas lactantes, ou a relação gordura - proteína na carcaça de animais em crescimento; e d) predição das respostas em lugar de calcular apenas exigências (Gill, 1996). A utilização de modelos de simulação poderá também reduzir, substancialmente, o número de ensaios físicos necessários para a avaliação técnica e econômica de dietas de bovinos, submetendo aos testes de campo somente aquelas que apresentarem melhores resultados nas simulações. Na tentativa de melhorar a precisão desses sistemas, dados reais devem ser obtidos a campo para servir de parâmetro nesses sistemas e melhorar as dietas fornecidas a animais de alta produção. O uso de estratégias de nutrição mais precisas, baseadas em nutrientes ou componentes específicos nos alimentos, tem crescido recentemente para otimizar seu uso e sua excreção no meio ambiente. A nutrição de precisão pode minimizar o fornecimento em excesso de nutrientes, que acabam sendo excretados via fezes, urina ou leite. Em geral, quando alguns nutrientes passam a não ser mais limitantes nas dietas de bovinos, é esperado aumento na produção. Neste projeto, pretende-se avaliar experimentalmente o desempenho de bovinos quando suplementados com diferentes ingredientes que possam ter efeitos específicos na produção e, usar esses resultados para parametrizar a resposta animal em modelos de simulação existentes.